BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), voltou a defender, nesta sexta-feira (8), a reforma de organismos internacionais para enfrentar uma “crise multifacetada nos âmbitos geopolítico, econômico e ambiental”. Ele citou diretamente a Organização das Nações Unidas (ONU).

Na visão dele, é precisar aumentar a representatividade e a legitimidade de órgãos, além de torná-los mais funcionais. Lira falou no último dia do P20, a 10ª Cúpula de Presidentes dos Parlamentos do G20 – grupo que reúne os 19 países com as maiores economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana.

"A reforma da ONU, e em particular a do seu Conselho de Segurança, mostra-se crucial para a sustentação da paz e segurança internacionais e para a promoção do desenvolvimento sustentável, justo e inclusivo”, declarou.

Lira também defendeu mudanças em instituições do sistema financeiro internacional, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. De acordo com o presidente da Câmara, esses órgãos devem se engajar no enfrentamento às desigualdades e em pautas de sustentabilidade.

A fala de Lira foi feita em um debate voltado ao papel dos Parlamentos na atualização da governança global. Na quinta-feira (7), o presidente da Câmara chegou a dizer que esses mecanismos internacionais precisam de renovação porque "refletem um mundo que não existe mais”. O mesmo tom foi adotado no discurso do presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Declaração conjunta

O P20 foi encerrado nesta sexta-feira e contou com a participação de 35 delegações de mais de 20 países. Ao final, houve a aprovação de uma declaração conjunta por consenso - com a discordância de alguns pontos pela Argentina.

O documento servirá como um compromisso dos países e será encaminhado à presidência do G20, que comandará uma cúpula em 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro (RJ), com a presença de líderes globais.

O texto reforçou uma posição em prol da reforma de entidades internacionais, como a ONU, para a promoção de uma governança global adequada ao século 21. Isso porque os principais órgãos foram criados após a Segunda Guerra Mundial, há cerca de 80 anos.

A declaração também frisou um compromisso com o combate à pobreza, à fome e às formas de desigualdade e discriminação contra mulheres e meninas. Ações ambientais e de sustentabilidade para o enfrentamento à mudança climática também estão no texto, assim como o desenvolvimento de políticas sobre tecnologia, abordando, inclusive, inteligência artificial.

Participaram do P20 os presidentes ou representantes dos Parlamentos de 17 integrantes do G20: África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Brasil, Canadá, China, França, Índia, Indonésia, Itália, México, Reino Unido, República da Coreia, Rússia, Turquia, União Europeia e União Africana. 

Também integraram a lista oito países convidados, além de cinco organismos internacionais: Organização das Nações Unidas (ONU), União Interparlamentar (UIP), ONU Mulheres, Parlaméricas e Parlamento do Mercosul.