Após a polêmica declaração do governador Romeu Zema (Novo), que relativizou o período da ditadura militar no Brasil ao afirmar que o tema seria uma “questão interpretativa”, a deputada estadual Carol Caram (Avante), parte da base do governador na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, rebateu a fala do chefe do Executivo e frisou que há divergências dentro da aliança durante participação no Café com Política de O TEMPO, exibido nesta quinta-feira (12 de junho).
A parlamentar reiterou a posição de integrante da base do governo Zema, mas destacou que a atuação política é guiada por princípios inegociáveis. “Sou base de governo. A gente tem uma relação muito harmônica. Fui muito bem acolhida pelo governo. É claro que ser base não significa que a gente concorde com tudo o que nos é apresentado. Tenho as minhas considerações pessoais, e delas eu não abro mão de forma nenhuma”, afirmou Carol.
Sobre as declarações de Zema relativizando o período da ditadura, a deputada foi categórica ao defender a democracia como valor inegociável. “É inacreditável pensar que qualquer ser humano que conheça a história do nosso país duvide do mal que a ditadura fez para todos nós. Queimava-se livro, apagava o conhecimento, tirava o direito de ir e vir, de falar, de sonhar. Falar da ditadura para mim é sempre uma coisa que aflige a minha alma”, disse a parlamentar.
“Questionar a democracia é praticamente inaceitável, questionar que existiu no nosso país um período em que houve abusos, em que houve essa violência contra o ser humano, que foi a ditadura, é inaceitável. Erros todo mundo cometem, todos nós em decorrência do seu momento que vai falar. (Zema) pode ter falado de uma forma equivocada. Eu não tenho dúvida que houve uma má interpretação em relação a essa fala, porque é inacreditável pensar que qualquer ser humano que conheça a história do nosso país duvide do mal que a ditadura fez para todos nós”, acrescentou a deputada.
Carol ainda reforçou o compromisso com os valores democráticos, criticando ainda o extremismo no meio político. “Salve a democracia, salve o que nós temos de mais forte e mais bonito, que é a nossa Constituição Federal. E vou lutar sempre para que ela se perpetue na nossa sociedade. (...) O extremismo não leva ninguém a nada. Nós temos que ser o centro, o centro do consenso, do que é melhor para a população”, anunciou durante o Café com Política.
Avante em 2026
Durante a entrevista, a deputada também falou sobre o posicionamento do Avante para as eleições de 2026. Segundo ela, ainda é cedo para definir qual será o caminho político do partido. “O Avante é um partido muito democrático. Presidido pelo nosso deputado federal Luiz Tibé, é um partido que escuta todos os parlamentares. Temos extrema-direita, extrema-esquerda e centro. Ainda cabe toda essa diversidade dentro dele”, analisou a parlamentar.
Questionada sobre alianças futuras, Carol também manteve um tom cauteloso. “O cenário político de Minas Gerais ainda está sendo criado. Não sabemos ainda quem serão os atores que vão se colocar à disposição do povo mineiro. Vamos conseguir um posicionamento mais real no ano que vem”, declarou a deputada, que também destacou a relação próxima com o vice-governador Mateus Simões e o secretário de Governo, Marcelo Aro.
Dentro do Avante, Carol Caram também ressaltou sua proximidade com o presidente nacional do partido, Luiz Tibé, a quem classificou como “um dos grandes influenciadores da política nacional”. Segundo a parlamentar, a convivência com o deputado federal, a quem definiu como um “grande líder” é “muito gratificante”.