A insatisfação de parlamentares e moradores dos municípios afetados pela instalação de novos pórticos de pedágios que devem ser instalados no Vetor Norte, na região metropolitana de Belo Horizonte, foi destacada durante audiência pública realizada na Câmara Municipal da capital mineira na tarde desta quinta-feira (20 de março). A discussão colocou em consenso até mesmo parlamentares de partidos antagônicos, como os vereadores Pablo Almeida (PL) e Bruno Pedralva (PT) e os deputados Bella Gonçalves (PSOL) e Bruno Engler (PL).

Representantes das Câmaras Municipais de Vespasiano, Confins e Pedro Leopoldo também participaram do encontro, que foi coordenado pelo vereador Wanderley Porto (PRD). O parlamentar definiu a criação dos postos de pedágio como “muito prejudicial” e destacou o apoio do deputado federal Fred Costa (PRD). Segundo Porto, o deputado que ajudou a criar o movimento “BH Sem Pedágio” participava de uma reunião de líderes no mesmo momento da audiência pública.

Segundo Wanderley Porto, um dos maiores problemas dos novos pedágios parte do valor por quilômetro estipulado para o Vetor Norte. A R$ 0,40 por quilômetro, o valor supera o trecho entre BH e Juiz de Fora, o trecho que parte liga a capital a Montes Claros, por exemplo. O parlamentar também criticou o sistema free flow, definindo por ele como “multa livre” já que o edital estima que 18% de inadimplência no primeiro ano e porque o usuário precisa “se virar para pagar”. 

Representante do governo de Minas Gerais na reunião, o subsecretário de Concessões e Parcerias da Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra-MG), Vitor Costa, afirmou que há dificuldade em direcionar os investimentos e os recursos são insuficientes para grandes obras de ampliação. “Minas está na posição geográfica de um grande entroncamento. Estamos no centro logístico do país e precisamos elevar nossa estrutura. O governador Romeu Zema defende uma complementaridade e as concessões não são uma exclusividade do governo do Estado”, disse em menção às concessões da União.

Um dos parlamentares de Vespasiano presentes na reunião, Dorivaldo Oliveira (PSDB), criticou o impacto previsto com a concessão e novos pedágios. “Vespasiano abraçou o governo Zema e hoje o que dão de gratificação são esses pedágios vergonhosos. Das doze praças, um terço e para Vespasiano. É essa herança que o senhor quer deixar para nós?”, questionou o vereador. O parlamentar ainda agradeceu ao apoio da Câmara de Belo Horizonte, mesmo que a capital mineira não tenha nenhum pórtico de pedágio a ser construído no território. 

Além dos impactos para as prefeituras das cidades onde a instalação de pórticos de pedágio é prevista, os parlamentares ainda destacaram como a ação deve afetar trabalhadores que circulam na região. O presidente da Frente de Apoio Nacional aos Motoristas Autônomos (Fanma), Paulo Xavier, enfatizou o problema. "O motorista por aplicativo está sangrando, me dirijo ao representante governo: vocês estão fazendo sangrar o trabalhador. Nós não temos a mínima condição de assumir essa conta e ela sempre estoura nas costas do trabalhador, do cidadão", afirmou.