BRASÍLIA - As bancadas do PP e do União Brasil avaliam adotar posicionamento contrário ao pacote da equipe econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para recalibrar o decreto que aumentou alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Partidos se anteciparam à publicação da Medida Provisória (MP) articulada pelo ministro Fernando Haddad (PT) no domingo (8) e indicaram, nesta quarta-feira (11), que propostas fiscais apresentadas pelo Palácio do Planalto só serão itidas pelas bancadas no Congresso Nacional se representarem cortes nas despesas da União.

“Só aceitaremos examinar qualquer discussão fiscal se a coluna de despesas estiver no centro do debate”, especificou Antônio Rueda, presidente do União Brasil.

PP e União Brasil, conectados por uma federação recém-nascida, pretendem reunir seus deputados e senadores ainda nesta quarta-feira para indicar como as bancadas se posicionarão diante do pacote, segundo indicou o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI).

“O que está acontecendo hoje é que vamos traçar um limite, uma risca de giz no chão de quem é contra e quem é a favor de aumentar impostos”, disse. 

A posição adotada pela federação reflete a indisposição geral no Legislativo com a trajetória econômica adotada por Haddad e amarga a relação instável entre o próprio ministro e o Congresso Nacional.

No domingo, Haddad e o secretário Dario Durigan apresentaram ao colégio de líderes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal um pacote de opções para substituir o decreto que elevou as alíquotas do IOF.

A ausência de cortes incomodou a oposição e o Centrão. A irritação se acentuou com a indicação de que o ministro pretende pôr fim à isenção de títulos incentivados — como Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA). 

O clima é tão ruim que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), avalia atender à oposição e incluir na pauta do plenário o regime de urgência do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) do deputado Zucco (PL-RS) para derrubar o decreto do IOF.

A indisposição ainda ganhou um tempero com a participação de Haddad em audiência da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara. Deputados de oposição bateram boca com o ministro, e a sessão foi encerrada.