A fim de evitar um incômodo, o governo Romeu Zema (Novo) quer uma composição na eleição para a presidência da Associação Mineira dos Municípios (AMM) para o triênio 2025-2028. Se não houver consenso até abril, quando a eleição está prevista, a disputa vai colocar, frente a frente, o atual presidente, Marcos Vinícius Bizarro, e o prefeito de Patos de Minas, Alto Paranaíba, Luís Eduardo Falcão (Novo), dois aliados do governador.

Enquanto Falcão é seu correligionário, o governador é próximo a Bizarro, a quem se referiu como “secretário das Cidades” do Estado durante o congresso “Governança 4.0 - Imersão com prefeitos eleitos”, em dezembro ado. “Acho que nunca, corrija-me Marcos, teve um governo que teve tanta proximidade da AMM e dos municípios”, disse, na ocasião, Zema. Sem uma composição, ele deve manter distância da disputa.

O Aparte apurou que tanto Zema quanto o vice Mateus Simões (Novo) teriam orientado Falcão a buscar um consenso com Bizarro por uma candidatura única quando o prefeito de Patos lhes comunicou da candidatura. A chapa única repetiria a última eleição, em 2022, que alçou o ex-prefeito de Coronel Fabriciano, no Vale do Aço, à presidência após um acordo com o então prefeito de Boa Esperança, Sul de Minas, Hideraldo Henrique (sem partido), que ficou com a 1ª vice-presidência.

Falcão não seria avesso à composição, desde que Bizarro não esteja na cabeça da chapa. Como não é mais prefeito de Fabriciano, onde fez o sucessor, Sadi Lucca (PL), a candidatura do presidente da AMM à reeleição enfrenta resistência internamente. Aliados do prefeito de Patos defendem que o novo presidente tem que ser prefeito, porque lidará com os gargalos que os pares enfrentam no dia a dia dos municípios.

Entretanto, auxiliares de Bizarro lembram que o estatuto da AMM, desde uma mudança feita pelo antecessor, Julvan Lacerda (MDB), ex-aliado do presidente, permite a candidatura de ex-prefeitos, desde que estejam em dia “por, no mínimo, um ano com suas obrigações sociais e obrigações financeiras”. Antes, eram elegíveis apenas os “sócios natos” da AMM, ou seja, todos os municípios, “representados por seus respectivos prefeitos”.

Bizarro também não seria contrário à composição com Falcão, uma vez que o prefeito de Patos já está na diretoria da AMM como 2º vice-presidente, por exemplo. Entretanto, o ex-prefeito de Fabriciano não quer abrir mão da cabeça de chapa. Ele, que ainda ocupa a 1ª vice-presidência da Confederação Nacional dos Municípios, argumenta para pessoas próximas que o presidente deve ter tempo para se dedicar à AMM, o que o adversário, que inicia o segundo mandato, não teria.    

Por outro lado, o descumprimento de acordos por Bizarro deve pesar nas articulações por uma composição. Quando construiu a candidatura única à presidência com Hideraldo, o então prefeito de Fabriciano se comprometeu a deixar o cargo no fim de 2023 e transmiti-lo para o então prefeito de Boa Esperança. Entretanto, o presidente se recusou, o que levou Bizarro e o atual presidente da CeasaMinas a trocarem acusações publicamente

À época, em uma tentativa de pacificar a AMM, Bizarro teria concordado em deixar a presidência apenas caso Falcão, atual 2º vice-presidente, lhe substituísse. Então, Hideraldo teria se comprometido a renunciar à 1ª vice-presidência, desde que o prefeito de Fabriciano fizesse o mesmo. Apesar da articulação, o presidente da AMM não teria aceitado as condições. Sem acordo, Bizarro permaneceu à frente da entidade.