O senador Carlos Viana (Podemos) afirmou que não está em seus planos trocar de partido político, apesar de ter enfrentado embates com o Podemos em relação à sua candidatura à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Em entrevista exclusiva a O TEMPO, o parlamentar apontou insatisfação com o diretório estadual da legenda em relação ao apoio a sua campanha. Com retorno ao Senado marcado para segunda-feira (18 de novembro), Viana espera conversar com a direção nacional para fazer uma avaliação de sua campanha, oportunidade em que pretende apresentar também contribuições para “melhorar a imagem” do Podemos em Minas.

Antes mesmo de lançar sua candidatura, Viana teve desavenças quanto a quem seria sua vice na chapa para concorrer ao cargo de prefeito da capital mineira. Enquanto o senador queria a líder comunitária Kika da Serra (Podemos), a presidente da sigla em Minas, Nely Aquino (Podemos) defendia o nome de Renata Rosa (Podemos). No fim, Kika abriu mão de ser vice e concorreu à vereadora.

Em entrevista a O TEMPO, o senador afirma que o partido em Minas não o apoiou durante sua campanha, o que teria dificultado seu crescimento na disputa pela prefeitura. No primeiro turno, Viana teve 1% dos votos e ficou em 7º colocado. Apesar de apontar falta de diálogo a nível estadual, o parlamentar garante que mantém conversas a nível nacional.

“Acredito que, com a minha volta dia 18, eu e a presidente (Renata Abreu) vamos sentar e fazer uma avaliação do que foi a campanha e eu vou colocar com toda a clareza o que aconteceu aqui em Minas Gerais. Já tivemos uma primeira conversa, eu coloquei para ela quais foram os pontos falhos.”

Por hora, o senador descartou a possibilidade de sair do partido, reforçando a necessidade de fazer um balanço com o diretório nacional sobre suas contribuições para a legenda em Minas.

“Não vou tomar nenhuma decisão de imediato sobre troca de partido, nada disso, eu vou conversar e levar isso. Fui muito bem recebido no Podemos e quero dar minhas contribuições para melhorar a imagem do partido em Minas Gerais”, afirma. “É muito ruim um partido como o Podemos, no nosso estado, ser hoje considerado um partido em que as pessoas não têm confiança de que não cumprem acordos.”

A reportagem de O TEMPO procurou a deputada federal e presidente do Podemos em Minas, Nely Aquino, para um posicionamento sobre as declarações de Viana a respeito do diretório estadual, mas não obteve um retorno. O espaço segue aberto.

Resultado da direita

Carlos Viana ainda apontou que o “desencontro” da direita na disputa pela PBH também acabou prejudicando uma possível eleição. Além do senador, o deputado estadual Bruno Engler (PL) também concorreu ao pleito e, apesar de ter chegado no segundo turno, não conseguiu bater o prefeito Fuad Noman (PSD). Na avaliação de Viana, a direita da qual ele faz parte não conseguiu se descolar da extrema-direita, que seria o grupo liderado pelo deputado federal Nikolas Ferreira.

“É um grupo que não tem diálogo, que quer impor às pessoas uma determinada pauta e a sociedade não é assim. A direita que eu me considero, eu chamo de direita inteligente. Nós queremos o diálogo”, afirma. “Eu digo que eu seria o único capaz de trazer votos de centro, até de esquerda, que poderiam vencer o prefeito Fuad. Mas a extrema-direita lançou a candidatura do deputado Bruno Engler. É um deputado jovem, sem experiência, nenhuma proposta, nenhum grupo de trabalho, nada.”

Para o senador, pensando em pleitos futuros, a direita precisaria mudar o comportamento para se desprender das pautas ligadas a, por exemplo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e para apresentar propostas e soluções.

“Enquanto a direita estiver sendo confundida com a extrema-direita ligada aos princípios do ex-presidente Bolsonaro, nós vamos continuar perdendo as eleições. É a minha visão. A direita precisa de um novo projeto”, ressalta. “Ele (Bolsonaro) precisa reconhecer os erros que cometeu e estar disposto, inclusive, a mudanças de posicionamento em algumas questões para atrair o eleitor de centro e não perder para ele mesmo. Se isso acontecer, a direita pode se unir novamente e caminhar em uma onda anti-PT, como foi no ado.”