O novo cangaço já não é tão novo no Brasil, e Minas Gerais foi vítima da prática mais uma vez, ontem, em Guaxupé, no Sul do Estado. O avanço nessa modalidade criminosa é facilitado pelas falhas na inteligência dos órgãos de segurança pública do país.
Ações como a praticada na cidade mineira dependem armas de alto poder de ataque. Esses recursos não chegam às mãos da bandidagem sem contar com brechas nos sistemas de segurança estaduais e nacional. A quadrilha que agiu em Guaxupé estava de posse de fuzis, armas de uso das forças de segurança. O arsenal foi usados para atirar contra unidades da Polícia Militar e da Guarda Municipal, demonstrando destemor e ousadia.
O número de fuzis apreendidos em 2024 teve um aumento de 275% em relação ao ano anterior, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Geralmente, uma mesma arma é usada em vários ataques criminosos como ações do novo cangaço. Por isso, é importante rastrear essas armas que estão em mãos erradas.
Nota-se quadrilhas mostram cada vez mais poder e intimidar as instituições de segurança e a população civil. Para isso, usam coletes a prova de balas, carros de luxo e um modo de agir cinematográfico. Assim, o novo cangaço se consolidou como mais um produto da complexa cadeia criminosa do Brasil. A atividade é uma das várias fontes de renda das facções criminosas.
O terror levado à população deve servir para impulsionar o debate sobre temas como a necessidade de integração entre as forças de segurança e de investimento em tecnologia nas polícias. A PEC da Segurança Pública é uma oportunidade para discutir essas questões. O texto foi apresentado, ontem, pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, aos líderes partidários na Câmara.
O crime avança em alta velocidade e não será contido com propostas simplistas e isoladas comuns ao período eleitoral, que têm mais foco na repressão que na prevenção.