As empresas que promovem o circuito da Stock Car em Belo Horizonte se manifestaram nesta quinta-feira (29 de fevereiro) sobre a polêmica envolvendo o corte de árvores no entorno do Mineirão. A posição ocorre em meio à liminar da Justiça que suspendeu os cortes, questionados por ambientalistas e defensores do meio ambiente. A remoção é necessária para instalação de equipamentos para a competição, prevista para agosto.
Em nota, as empresas Speed Seven e DM Corporate, organizadoras do evento, afirmaram que foram feitos estudos preliminares sobre os impactos da competição e que todas as licenças necessárias foram obtidas. Também garantiram que serão adotadas medidas de compensação ambiental, com o plantio de 688 novas árvores, frente ao corte de 63 no local da prova.
“Esses novos indivíduos arbóreos devem seguir um requisito de tamanho mínimo de 2,5 metros do solo até o primeiro galho, com no mínimo três galhos”, afirmam. Em meio à polêmica sobre o início dos cortes no entorno da Pampulha, a Prefeitura de Belo Horizonte convocou, nessa quarta-feira, uma coletiva para falar sobre o início do plantio.
As organizadoras do evento citaram a aprovação do Conselho Municipal do Meio Ambiente (Comam), que autorizou, por 10 votos a 2, a realização da corrida. Além da remoção da vegetação, a área também ará por outras intervenções de infraestrutura para receber o evento. A reunião para a votação contou com cerca de 100 pessoas, entre especialistas da área do meio ambiente e membros da sociedade civil.
As organizadoras também citam licenças obtidas junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e ao Instituto Estadual de Florestas (IEF) para a realização do evento. “A organização do BH Stock Festival terá a responsabilidade de manutenção e cuidados com todas as árvores que serão plantadas nos próximos cinco anos”, esclarecem.
Com relação aos impactos sonoros gerados pelos carros, especialmente à fauna local, as empresas afirmam ter proposto a construção de barreiras acústicas. “As barreiras acústicas, utilizadas em larga escala em autoestradas ao redor do mundo, serão um legado oferecido pelo BH Stock Festival à comunidade de Belo Horizonte. Elas permanecerão instaladas de forma definitiva no local que, historicamente, recebe inúmeros jogos de futebol, shows, fogos de artifício, buzinaços, blocos carnavalescos, etc”, informaram.
Os organizadores também citam o impacto financeiro para a cidade. Segundo pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o evento vai gerar mais de R$ 1 bilhão ao longo dos cinco anos de realização.
UFMG não descarta judicialização
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) se posicionou contra a realização do evento em uma nota pública. Nesta quinta-feira (29), um dia após a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) dar início aos cortes e ser alvo de protestos, a reitora da universidade, Sandra Regina Goulart, afirmou que já foi intimada a solucionar o problema e que, se não houver um acordo com o município, a Justiça poderá ser acionada.
"A UFMG foi intimada, pela Comissão Nacional de Ética no Tratamento de Animais, ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, a tomar providências com relação ao impacto nos animais do Hospital Veterinário e dos biotérios (criadouros para pesquisa). Ou seja, é minha responsabilidade responder pelos impactos na vida dos animais que esse evento causará. Portanto, se eu não conseguir um acordo com a prefeitura, eu devo tomar as medidas legais cabíveis. Não é uma opção minha, eu preciso fazer isso como a responsável por um ambiente hospitalar", detalhou.