Tenha uma pergunta em mente, jogue o dado e se abra para as revelações do jogo da oca criado por Helena Gerenstadt, terapeuta holística. "Esse é um jogo medieval que representa um elo entre o simbolismo medieval, por meio do labirinto, e os modernos jogos de corrida, em forma de espiral".

Os primeiros exemplares conhecidos desse jogo, diz Helena, são da segunda metade do século XVI, mas suas características, regras e elementos fazem pensar que foi conhecido e praticado muito tempo antes.

"Sua utilização e difusão ficaram restritas aos círculos ocultistas, como as lojas de construtores iniciados na arte sagrada. Na rota do caminho de Santiago, encontram-se uma série de indícios e elementos que configuram paralelismos evidentes entre seu significado e o sentido oculto daquela peregrinação", explica.

Essa pesquisa culminou no livro "O Jogo Iniciático da Oca", que traz um mapa colorido e a descrição de cada uma das 64 casas. O objetivo do jogo, explica Helena, é "trazer respostas para o consciente através da simbologia que pode ser interpretada de acordo com o momento, com a situação, ou simplesmente para que a pessoa perceba que ainda não está preparada para aquilo que deseja. Muitas vezes tentamos um caminho que não é o melhor para nós, nos prendemos nos labirintos da vida e deixamos de perceber os sinais. O jogo é uma reflexão para isso".

Jogadas. O mapa colorido em que você joga os dados contém 63 casas distribuídas em forma espiral. O jogador estará sujeito a determinadas penalidades dependendo da casa. "O número de chegada 63 era considerado o ponto culminante da vida do homem, a soma das sete idades, cada uma delas formada por nove anos. Todas essas coincidências revelam que algumas culturas nos levam a outras e à gênese dos povos que habitaram a Terra", ensina a terapeuta.

O jogo da oca deve ser percorrido ritualisticamente. "É um caminho sinuoso em que o jogador vai superando uma série de provas até chegar a um ponto central onde está a sede de todos os bens (casa 64). É mais que um jogo porque representa um sistema, um guia. O ser humano aprende em mais ou menos tempo, quando utiliza seu instinto lúdico", ensina Helena.

Meta. Ela explica que o jogador deverá superar determinada prova para chegar a um estágio superior - a meta - que pode ser uma compensação moral: o prazer de ter superado todos os obstáculos.

"O triunfo não depende só da habilidade intelectual do jogador, mas também da combinação de azar e sorte, ou seja, uma força exterior. Esse jogo é destinado para aqueles que se submetem às provas e, ao mesmo tempo, recebem instrumentos para ascender à esfera da transcendência", pontua Helena.

Ela chama a atenção para o forte simbolismo presente no labirinto, um dos símbolos mais conhecidos em todo o mundo. "Ele pertence aos rituais de iniciação, de formação esotérica, além de simbolizar a descoberta do centro espiritual oculto, onde os mestres se encontram. É um símbolo da geometria sagrada e está impregnado de alguma maneira no inconsciente coletivo. Povos de vários locais do mundo utilizavam esse símbolo como ritual de peregrinação e iniciação, até porque tudo que é divino tem a forma espiralada: o Sol, a Lua, a Terra, o intestino, as conchas".

Helena lembra que o labirinto foi utilizado na Idade Média como forma de peregrinação pelos templários, mas foi retirado por ser considerado pagão. "Somente nas igrejas do caminho de Santiago de Compostela esse simbolismo estava presente e disponível para aqueles que não podiam ir a Jerusalém. Ali, em cima do labirinto, eles faziam a peregrinação de joelhos".

A autora ensina que a peregrinação iniciática e alquímica do jogo representa um guia para a aprendizagem dos ensinamentos esotéricos, "um verdadeiro ritual de iniciação".