Esta matéria integra uma série especial sobre o Fair Play Financeiro (FPF), mecanismo criado pela UEFA em 2009 com o objetivo de promover a sustentabilidade financeira no futebol europeu. No cenário do futebol europeu, onde contratações milionárias e investimentos vultosos são a norma, o Chelsea se tornou um dos casos mais emblemáticos de como a paixão por grandes gastos pode colidir com as regras de sustentabilidade financeira.
Desde a mudança de proprietário e a chegada de Todd Boehly, os Blues embarcaram em onda de gastos, superando a marca do bilhão de libras em novas contratações. Naturalmente, essa movimentação financeira massiva colocou o clube londrino sob os holofotes e a mira atenta das autoridades do futebol.
O Fair Play Financeiro (FPF) atua como um "cinto de segurança", buscando garantir a saúde financeira e a credibilidade dos clubes. Em sua essência, o FPF impede que os clubes gastem mais do que arrecadam, promovendo um ambiente de competição mais justo. Isso significa estabelecer limites para os déficits, controlar o endividamento e assegurar que as obrigações financeiras – como salários de jogadores e impostos – sejam cumpridas em dia.
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Chelsea na mira do Fair Play Financeiro
Os recentes números do Chelsea acendem um alerta. Relatos da holding que controla o clube, a 22 Holdco Ltd, apontam para perdas bilionárias em duas temporadas consecutivas, incluindo um prejuízo de £445,5 milhões (cerca R$ 2,9 bilhões) apenas em 2024. Embora os Blues tenham reportado um lucro operacional em 2023-2024, parte dessa receita vem de transações complexas, que estão no radar da Uefa e da Premier League.
Para tentar equilibrar as contas e se adequar às exigências do FPF, o Chelsea utilizou mecanismos como a venda de ativos – por exemplo, a equipe feminina e hotéis – para empresas ligadas aos seus próprios donos. Outra estratégia notável foi a de oferecer contratos longos (acima de cinco anos) para novos jogadores, permitindo que o custo da transferência seja "amortizado" por um período maior nos balanços.
Essas manobras, no entanto, estão sob análise da Uefa, que já multou o clube em 10 milhões de euros (aproximadante R$53 milhões) em 2023 por informações financeiras incompletas da gestão anterior. Atualmente, o clube está em negociações para evitar sanções mais pesadas, que podem ir de multas adicionais a restrições no mercado de transferências.
As sanções para quem descumpre as regras do FPF podem ser severas, desde advertências e multas até a proibição de inscrever novos jogadores em competições europeias, dedução de pontos em ligas nacionais e, nos casos mais extremos, a exclusão de torneios. O desfecho da situação do Chelsea com o FPF é um dos temas mais aguardados no cenário do futebol europeu.
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Contratações mais caras do Chelsea desde 2022
- Enzo Fernández - 121 milhões de euros
- Moisés Caicedo - 116 milhões de euros
- Wesley Fofana - 80 milhões de euros
- Mykhaylo Mudryk - 70 milhões de euros
- Marc Cucurella - 65 milhões de euros
- Roméo Lavia - 62 milhões de euros
- Christopher Nkunku - 60 milhões de euros
- Pedro Neto - 60 milhões de euros
- Raheem Sterling - 56 milhões de euros (emprestado)
- João Félix - 52 milhões de euros (emprestado)
- Cole Palmer - 47 milhões de euros
- Axel Disasi - 45 milhões de euros
- Kalidou Koulibaly - 41 milhões de euros (já saiu do clube)

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Desafios e a busca por equilíbrio
Mesmo com as regras do FPF, a desigualdade entre os clubes ainda é um ponto crítico. Em entrevista ao Lance!, o advogado especialista em direito esportivo Douglas Teixeira observa:
- No contexto do FPF, clubes de menor porte enfrentam dificuldades para competir com equipes de alta receita, como o Chelsea. Uma solução, embora utópica, seria os clubes de maior porte oferecerem e financeiro aos menores, promovendo maior equilíbrio nos campeonatos. Apesar de improvável, já que os grandes clubes priorizam seus próprios investimentos, essa abordagem poderia nivelar as disputas e tornar as competições mais justas - explicou o especialista.
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O Fair Play Financeiro, portanto, embora seja um marco na gestão econômica do futebol europeu, continua a ser um desafio constante. Sua eficácia depende de uma fiscalização rigorosa, de maior transparência contábil e de constantes atualizações para acompanhar as transformações de um mercado cada vez mais globalizado e desigual.
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