BRASÍLIA — Três nomes surgiram nos últimos seis meses como opções do Partido Liberal para concorrer às duas cadeiras que Minas Gerais terá disponíveis no Senado Federal na eleição. Enquanto prós e contras ainda são colocados na balança, uma quarta opção ganha força no Congresso Nacional e nos bastidores do partido em Brasília — se trata do deputado Zé Vitor (PL-MG)

Na corrida, ele coleciona a seu favor a interlocução com a bancada ruralista e o agronegócio e a presidência da Comissão de Saúde — colegiado mais cobiçado em função do orçamento. No cálculo entram ainda a relação que ele mantém com Valdemar Costa Neto e Tarcísio de Freitas

A avaliação interna é que Zé Vitor ganha pontos enquanto a pré-candidatura do deputado Eros Biondini (PL-MG) se mantém no patamar em que estava quando surgiu e a de Domingos Sávio (PL-MG) ainda encontra resistências entre alas do partido, que o tratam como “moderado demais” e percebem nele certas posições discordantes com as do grupo. O terceiro nome nesse páreo é o do deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL) que, em abril, se colocou à disposição da sigla. Ele ainda é testado, mas uma análise precoce feita por integrantes do partido sugere que a melhor opção para ele seria sair candidato à Câmara dos Deputados antes de se lançar direto ao Senado Federal.

Esses testes são importantes porque o PL não pretende concorrer com nomes próprios às duas vagas que estarão disponíveis com o fim dos mandatos de Carlos Viana (Podemos-MG) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A conjuntura perfeita, segundo bastidores do partido, é ter um candidato próprio — Caporezzo e Zé Vitor saem na frente como os preferidos — e compor uma chapa de centro-direita para a outra cadeira.

As costuras no cenário nacional prometem interferir na diretriz que o partido adotará para definir seu candidato ao Senado por Minas. Diante de uma possível manutenção da inelegibilidade de Jair Bolsonaro, dois nomes são avaliados pelo PL para substituí-lo na eleição presidencial: a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP). 

Se a primeira opção vingar, será Jair Bolsonaro quem dará a palavra final para confirmar o candidato do PL em Minas Gerais — segundo interlocutores, Caporezzo é um nome visto com bons olhos pelo ex-presidente, que, nos bastidores, se manifestou recentemente como fiador da candidatura do deputado estadual ao Senado.

Se a segunda predominar, Tarcísio entra no cálculo político, e, com o apoio de Valdemar, é Zé Vitor quem ganha espaço e se torna a primeira opção. Vale lembrar que o partido é uníssono ao reforçar que o substituto de Bolsonaro será decidido por ele próprio; nesta altura, seus filhos Eduardo, que é deputado federal licenciado, e Flávio, senador da República, são cartas fora do baralho.

Único com pré-candidatura colocada na praça, Biondini recorre à proximidade com a família Bolsonaro para sustentar seu nome como a melhor opção para o partido. O elo com o eleitorado religioso também é um argumento para fortalecê-lo na corrida interna. Fontes do PL item que o deputado ameaçou se desligar do partido para concorrer ao Senado por outra legenda se não fosse o escolhido.

O cenário mudou, e a análise é que ele aceitaria continuar filiado à sigla se o partido decidir em consenso por outro nome. “Forasteiros”, como são chamados os políticos de outros Estados que ameaçam concorrer por Minas Gerais, não serão itidos no entendimento de quadros importantes para o PL no Estado.

Publicamente, Biondini afirma que é um bom momento para concorrer à eleição majoritária. Ele cita seus cinco mandatos como deputado federal como exemplo de experiência e aposta ainda nas críticas à atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como uma de suas bandeiras — e sustenta que, como senador, trabalharia pelo impeachment do ministro. 

Apesar do alinhamento com Bolsonaro em temas como a atuação do Judiciário, o deputado enfrenta resistências no partido. Fontes disseram que ele chegou a indicar a construção de um apoio à reeleição da filha, deputada estadual Chiara Biondini (PP), e à candidatura do vereador Cláudio do Mundo Novo (PL), eleito por Belo Horizonte, como deputado federal.

O entendimento é que essa articulação prévia pega mal e indica que Biondini estaria muito amarrado a relações pessoais e não a serviço do partido; a ameaça de abandonar a sigla se não for candidato também repercutiu negativamente e sugeriu para alguns quadros que ele pode ser indisciplinado enquanto senador.

Ele não é o único a enfrentar críticas. Contra Caporezzo e Zé Vitor pesam o estigma da inexperiência. Políticos do PL avaliam que o melhor caminho para Caporezzo é concorrer à Câmara dos Deputados na eleição e abrir a vaga na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para o deputado federal Cabo Junio Amaral (PL-MG) em uma dobradinha previamente discutida entre os dois. O contraponto é o aceno que o próprio Jair Bolsonaro deu a aliados em apoio à candidatura de Caporezzo; o nome agrada o ex-presidente. 

Para Zé Vitor, alguns sugerem que concorrer à reeleição seria uma opção mais adequada e há expectativa que ele seja um quadro importante para puxar votos e eleger mais candidatos do PL para a Câmara. Uma fonte prevê, inclusive, que ele seria um dos deputados mais votados em MG na eleição e se reelegeria com facilidade. A candidatura de Zé Vitor ao Senado depende do trajeto que o partido optará por seguir se Bolsonaro se mantiver inelegível. Se a decisão sobre o candidato de Minas ao Senado ar por Valdemar e Tarcísio, o deputado se torna a primeira opção.

Outro nome a compor o tabuleiro de possibilidades que o diretório nacional do PL tem em mãos é o do deputado Domingos Sávio. Ele é respaldado por forças do municipalismo mineiro, por sua ligação com os prefeitos e pela experiência acumulada em oito mandatos. O deputado também é apoiado pelo empresariado e por entidades do setor de comércio e serviços — hoje, ele preside a Frente Parlamentar de Comércio e Serviços (FCS).

O que pesa contra ele são análises internas de que seu perfil não seria radical o suficiente, e a raiz tucana gera certo incômodo. Essa é uma crítica corriqueiramente rebatida pelo deputado, que ite não ter um perfil agressivo e se posiciona com disposição para interlocuções que procurem o consenso; ele, entretanto, rejeita a pecha de moderado e de que poderia pertencer ao “centrão fisiológico”, e se diz alinhado às pautas do partido — as de costumes e as políticas, como o apelo pelo impeachment de ministros do STF.

Única certeza é que o partido ainda testa os nomes e aguarda a definição da composição política nacional com os acordos que firmará para a eleição para presidência da República. Os rumos do PL no macro é que vão confirmar os nomes do partido nos Estados e as alianças que serão feitas com as siglas de centro e centro-direita — nesse momento, partidos como Novo, Republicanos e União Brasil surgem como os aliados preferidos. Essas costuras não têm data para sair, mas a expectativa é que a sinalização sobre o candidato do PL ao Senado por Minas Gerais ocorra ainda no segundo semestre deste ano.