Nascemos, nos sentamos, engatinhamos, ficamos de pé. Parece tão natural ficar de pé, e não pensamos que a postura ereta é um esforço.
Durante a puberdade e adolescência, quando o crescimento é mais acelerado, o risco de ocorrerem desvios da coluna é muito grande se a musculatura abdominal e a dorsal estiverem muito desqualificadas.

A nossa coluna é como uma haste que conecta a cabeça à pelve. No tronco, a presença das costelas cria uma estabilidade diferente do que ocorre com a coluna cervical e a coluna lombar. Por falta dessa estabilidade, os problemas mais sérios da coluna ocorrem na região lombar e na cervical. A coluna é uma haste que permite que fiquemos eretos, mas, à medida que o tempo vai ando e a musculatura no entorno da coluna vai se tornando menos qualificada, se tornando mais fraca, perdem-se as fibras musculares que são substituídas por gordura.

Músculos são estruturas dinâmicas e têm força. Gordura, não. Devemos deixar claro que essa substituição de fibra muscular por gordura não está relacionada a sobrepeso ou obesidade; deve-se ao catabolismo inerente ao envelhecimento.

Com músculos escassos, sustentar o corpo se torna um desafio. As poucas fibras que sobram precisam oferecer essa sustentação e, para tanto, elas ficam contraídas. Às vezes, somente de tocar em pacientes idosas, eu sei que elas têm muita dor, porque a musculatura fica totalmente endurecida, é como se estivesse apalpando um pedaço de madeira.

O músculo está fazendo uma força extrema para manter o corpo de pé. É como se o corpo estivesse envolvido em uma couraça. Esse enrijecimento da musculatura pode ser tão intenso que pode causar fratura espontânea de vértebras.

Enquanto os músculos estão tensos, duros, os ossos estão cada vez mais fracos, com pouca estrutura mineral, facilmente se quebram. Por isso não é raro haver pacientes, mais frequentemente do sexo feminino, que surpreendentemente encontramos com vértebras fraturadas ao fazermos um exame de imagem.

Elas sempre se lembram de um escorregão ou uma queda antiga para justificar a fratura, mas a verdade é que na maior parte das vezes a fratura ocorreu espontaneamente, por uma série de fatores, como a osteopenia ou osteoporose, a sarcopenia e a tensão do músculo que é recrutado para ficar de pé.

Esta fratura recebe o nome de “patológica” e é um achatamento que ocorre na vértebra, como uma caixinha que a gente amassa. Por isso, não basta proteger o idoso de quedas, é mais efetivo protegê-los com estrutura muscular e ossos saudáveis e manter a postura ereta correta, pois os desvios da coluna pioram tudo.

O cuidado preventivo prova mais uma vez ser o mais eficiente caminho para a saúde.

Meira Souza é médica e escritora