Heron Guimarães, prefeito de Betim, é o primeiro entrevistado da segunda Temporada Minas S/A Desenvolvimento e Construção em todas as plataformas de O TEMPO.

Com uma população de mais de 411 mil habitantes, Betim é a primeira cidade no ranking de arrecadação do VAF (Valor Adicionado Fiscal).

Heron conta que assumiu uma cidade organizada do ponto de vista financeiro e orçamentário tendo o ex-prefeito Vittorio Medioli sanado uma dívida total de mais R$ 2 bilhões na cidade. Heron foi eleito com uma base de 18 partidos;  no secretariado, assumiram jovens a partir dos 27 aos 42 anos englobando as quatro gerações.

Considerado como o novo pilar de investimentos de Betim, Heron conta que o Aeródromo Inhotim é uma obra privada, numa operação consorciada.

"O município ficou por conta de resolver as questões burocráticas. A área total do aeroporto engloba 4 milhões de metros quadrados, um investimento de R$ 600 milhões com geração de inúmeros empregos e atração de empresas voltadas para o setor aeronaval. Teremos 3,6 km de pista e a obra está num estágio de 35% a 40%, nos próximos meses será feito o asfaltamento", detalha.

Os primeiros voos, calcula Heron, devem aconter já no final de 2026 e início de 2027. "O foco é o voo de cargas mas teremos aviação executiva e voos charters por temporada", avisa.

Betim não terá que fazer o investimento no Aeródromo Inhotim. "Betim tem a ganhar. Na operação do aeroporto terão royalties e o avião que pousar, decolar e abastecer em Betim vai pagar royalties para o Instituto de Previdência de Betim", informa.

Na formação de mão de obra, a Prefeitura de Betim lançou o Programa Qualifica Betim, em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV) com cursos técnicos de agropecuária, logística, segurança do trabalho , energia renovável, istração e informática. "Estamos formando a mão de obra. São dois anos de curso. A prefeitura entra com apoio logístico e tem o corpo técnico da UFV. Estamos introduzindo também a robótica com o apoio da Fiemg para criar o aculturamento digital nos alunos", explica.

Na saúde, Betim conta com um hospital regional relevante que atende, além de Betim, outras 12 cidades do Médio Paraopeba. "São cerca de 15 mil atendimentos por dia na rede municipal de saúde, temos um centro materno-infantil que faz 6.000 partos por ano, temos as UPAs, Samu que atende toda a região, temos um complexo enorme que Betim acaba pagando a conta de outros municípios", explica o gestor. Na saúde, os investimentos da Prefeitura Municipal de Betim são em torno de R$ 800 milhões a R$ 850 milhões por ano.

A seguir, a entrevista de Heron Guimarães na íntegra:

HL: O Minas SA foi criado pelo Heron, gente, muito interessante isso, esse estúdio foi construído por ele e foram 12 anos aqui (no O Tempo) não é, Heron? Na liderança da Sempre Editora  
 
HG: É, foi do ano de 2011 a 2023, 12 anos, mas no grupo foram 28 anos. Como Diretor Executivo da Sempre Editora foram 12 anos, de 2011 até 2023. 
 
HL: Está com saudade dessa vida de jornalista, de comunicador, de gestor de comunicação, como é? É estilingue e vidraça, tem diferença? (risos) 
 
HG: Tem muita diferença. Quando você está do outro lado, a sua responsabilidade é com a informação, é com a credibilidade do veículo, agora estando do lado… vamos falar do lado do político, a responsabilidade é com a população, é com o dinheiro público, e não sei qual que é mais difícil. Eu acho que tem dificuldades, tem sabores diferentes, mas eu falo que sigo a vida como a vida me forja. Eu acho que tive um momento muito saudável, muito feliz na minha vida nesses 12 anos como diretor, nos 28 anos como colaborador, mas é um novo desafio, é um desafio que eu encaro com muita responsabilidade, e mais do que um desafio profissional, acaba sendo uma escolha não minha, mas uma escolha de uma população com 108 mil e 500 e poucos eleitores depositando muita confiança, uma população de mais de 411 mil habitantes que depende muito das nossas decisões, das noites que a gente a lá decidindo o que vai fazer para o dia seguinte, controlando um orçamento que é um orçamento bom para os padrões de Minas, mas insuficiente para tantas complexidades da cidade, enfrentando tantos desafios aí de uma cidade que vive dentro da Região Metropolitana, e uma Região Metropolitana que, historicamente, tem os seus distúrbios e os seus transtornos na área de Mobilidade, Saúde, Segurança Pública.  
 
HL: Heron, a sua vida foi pautada pelo desafio, não é? Eu me lembro quando te perguntei: “você é filho único, como é a sua vida?” e você falou “eu fui criado pela minha mãe e minhas três tias, perdi o meu pai ainda bebê”, ou seja, o que isso fez com a sua vida? 
 
HG: Eu fui criado, na verdade, por sete mulheres: a minha avó, a minha mãe, minhas três tias e minhas duas irmãs. Tive referência masculina? Sim, menos, um irmão e um tio, mas de certa forma foram ausentes na minha criação juvenil, na minha adolescência, na minha primeira idade adulta eles não estiveram tão presentes, então foram elas mesmo que deram duro, que patrocinaram os estudos e que me incentivaram. Eu só tenho que agradecer, porque foi através delas que eu tive uma visão menos machista do Mundo, uma visão mais solidária, uma visão mais compreensiva. Eu digo que o lado feminino do ser humano é um lado mais afetivo. um lado que preocupa mais com o social. mais com o bem-estar e mais com a vida plena, e o lado masculino é aquele que vai para a questão mais prática e tudo, mas que a gente consegue equilibrar bem esses dois lados, e eu devo isso a formação feminina que eu tive, mesmo sendo uma formação patriarcal, mas com o lado feminino muito forte isso. 
 
HL: Isso eu me lembro mesmo. Aqui no jornal, quando você aqui estava, sua porta estava sempre aberta, você era muito transparente com a gente, você recebia do menor salário ao maior salário do mesmo jeito. Então, assim, eu convivi com o Heron, eu sei como, sempre descentralizou, sempre acreditou na gente. Onde eu estou hoje, eu devo ao Heron, que acreditou no meu trabalho. Então, isso é muito importante em uma gestão pública também, não é">