Sem um de seus principais palcos, a Praça da Estação, atualmente fechada para obras de revitalização, a Virada Cultural de Belo Horizonte (VCBH) precisou inovar. Por isso, o evento, que ocupa a região central da cidade neste sábado (24) e domingo (25), com mais de 230 atrações e cerca de 40 atividades interativas, estendeu seu circuito até a Praça Raul Soares. Uma solução que anima a secretária municipal de Cultura, Eliane Parreiras. 

“Estamos chegando pela primeira vez nessa região, que é um polo criativo, com uma rica cena gastronômica, abrigando duas grandes referências de Belo Horizonte, o Mercado Central e o Mercado Novo, além da Galeria São Vicente”, disse a gestora em entrevista ao vespertino Timeline, da FM O Tempo, na quinta-feira (22). 

Na conversa com Fabiano Fonseca, editor do Magazine, caderno de cultura de O TEMPO, Eliane aborda também a relação da Virada Cultural com o patrimônio material e imaterial de Belo Horizonte, e detalha os principais desafios para a realização do evento, que, já enraizado no calendário da cidade, envolve 16 secretarias e órgãos da prefeitura, que atuam em um gabinete de operações especialmente criado para a data, realizando um acompanhamento em tempo real das atividades.

Leia abaixo a íntegra da entrevista: 

1. Qual sua expectativa para a edição deste ano da Virada Cultural? A Virada tem essa conexão com o público de Belo Horizonte, com a cidade. É um evento muito especial e singular, como é a própria cultura de BH, que tem essa reconhecida vocação para a atividade artística, cultural e criativa. A Virada incorpora essas características, fazendo um convite as pessoas vivenciarem a capital mineira de outra maneira. Neste ano, mais uma vez no centro, estamos integrando o projeto ‘Centro de Todo Mundo’, idealizado e liderado pelo prefeito Fuad Noman, que traz essa ideia de requalificação da região central. Digo que, a Virada Cultural faz parte desse deste grande movimento por propor uma imersão cultural nesse território. E, nesta edição, temos uma situação muito especial, uma vez que a Praça da Estação e a rua Sapucaí estão ando por uma grande intervenção dentro desse projeto e só estará disponível para uso em breve. (Sem estes espaços), tivemos que fazer uma remodelagem (do evento). E, com isso, uma das grandes novidades é a abertura de um novo eixo, o da praça Raul Soares. Estamos chegando, com a Virada Cultural, pela primeira vez nessa região, que é um polo criativo, com uma rica cena gastronômica, abrigando duas grandes referências de Belo Horizonte, o Mercado Central e o Mercado Novo, além da Galeria São Vicente. 

2. Além do novo espaço, a Virada volta a ocupar lugares tradicionais, certo? Exatamente. A gente também usa, neste ano, a praça Rui Barbosa, em frente à praça da Estação, que é outro patrimônio cultural do município. Mais uma vez, vamos ter atividades também no Viaduto Santa Tereza, que é tão importante para a gente, onde vamos implementar o Centro de Referência das Culturas Urbanas, reconhecendo todos esses movimentos culturais que já existem em BH, especialmente no Viaduto Santa Tereza. E teremos, claro, o Parque Municipal, que é extraordinário! É um luxo que a cidade possa ter um parque, um equipamento assim, centralizado, com aquele tamanho, com aquela vitalidade. O Parque vai receber o Palco Fecomércio, o Palco Chico Nunes e várias atividades, incluindo uma homenagem ao cineasta mineiro Guilherme Fiúza, que foi tão importante para o audiovisual no nosso Estado. Enfim, a Virada é isso, é uma oportunidade de mostrar essa diversidade criativa belo-horizontina na música, no cinema, na gastronomia e nas artes em geral.  

3. Em sua programação, como a Virada busca prestigiar o patrimônio belo-horizontino? Estamos falando de um patrimônio vivo, tanto material, dos prédios, das praças e bens que caracterizam a cidade e são integrados às atividades, quanto do imaterial, que aparece em diversas apresentações, em ações que dialogam a tradição com a contemporaneidade. Por exemplo, teremos uma apresentação que une as congadas com o soul (ela se refere à banda Congadar – Morro das Três Cruzes, que sobe ao Palco Fecomércio, no Parque Municipal, às 11h40 de domingo). Tem mais uma novidade muito bacana nesta edição, que tem a ver com conservação da cidade: uma parceria, por meio da SLU (Superintendência de Limpeza Urbana), com a Coopesol Leste, uma cooperativa dos catadores de material reciclável, que vão trabalhar integrados ao sistema de limpeza urbana do município, gerando renda para eles e trazendo esse aspecto da responsabilidade da sustentabilidade ligada aos eventos culturais, especialmente os eventos. 

4. A senhora está preparada para essa maratona, secretária? Eu sempre tento aproveitar a Virada, mas não é fácil não, porque a gente a esse período trabalhando intensamente. Esse é um trabalho que ele começou há mais de um ano, porque quando termina uma virada, começa o trabalho da seguinte, do ponto de vista de pensamento curatorial, das diretrizes para o lançamento de editais para poder ter a participação da instituição parceira – que, neste ano, é o Instituto João Ayres. Depois, a gente a por todo o processo de abertura de inscrições – que, desta vez, contou com mais de 1.000 inscritos. E esse é o maior drama, porque tem muita coisa maravilhosa que a gente não consegue absorver, mesmo com um leque tão amplo, com 230 atrações. Por isso é importante ter critérios. Um deles é tentar mostrar um pouquinho de cada região de BH, contemplar as várias linguagens artísticas, trabalhar com a diversidade. Enfim, a Virada nos dá muito orgulho por ser um trabalho coletivo, que envolve a prefeitura inteira. No total, são 16 secretarias e órgãos da prefeitura trabalhando junto com a gente. E, no dia, montamos um gabinete de operações que faz um acompanhamento (em tempo real), para que a gente tenha uma segurança cidadã, que a gente tem uma convivência agradável dentro desses dessas mais de 24 horas do evento. É muito bonito porque a cidade realmente inundada de cultura.