O tamanho do pênis pode ser um trauma para muitos homens e o mercado de estética em Belo Horizonte tem tentado se aproveitar da insatisfação masculina para aumentar a gama de procedimentos realizados e, sobretudo, os lucros. A chamada harmonização peniana, que projeta a aplicação de ácido hialurônico no órgão genital, pode custar de R$ 5 mil a R$ 15 mil na capital mineira.
Em uma simples pesquisa no Google, são ao menos duas páginas de anúncios de profissionais que realizam o procedimento em BH. Considerada ainda nova, a tecnologia teve o boom de buscas na ferramenta de pesquisas a partir de fevereiro de 2023 no Brasil, conforme registros do Google Trends.
Quem se submete à chamada harmonização, paga, à vista ou parcelado, sob a confiança de que a manobra possa resultar no ganho de até quatro centímetros em espessura e três em comprimento. As previsões são da biomédica e professora especializada em estética avançada, Karina Rodovanski. “É um preenchimento como os outros já feitos nos lábios, glúteos e no rosto. Como há um esticamento da pele, além de ganhar espessura com o preenchimento, o paciente acaba com alguns centímetros de comprimento a mais também”, detalhou.
Ela realiza o procedimento há dois anos e meio e acredita que, em 2025, o número de pacientes submetidos a harmonização no pênis deve ser o maior dos últimos anos. “Está ficando cada vez mais conhecido e os homens estão perdendo o medo, criando coragem. Alguns fazem o procedimento e depois retornam, levam o amigo”, relevou. As aplicações, segundo a profissional, são feitas em todo o corpo do órgão genital. Por segurança, os volumes de ácido hialurônico injetados variam de 10ml a 20ml.
A harmonização não é recomendada a pacientes que tenham doenças crônicas e só é realizada mediante uma anamnese do paciente. A intervenção é feita sob efeito de um anestésico e considerada indolor. A única recomendação é evitar relações sexuais de 7 a 10 dias após as aplicações. “Não existe um procedimento zero risco, mas o risco é mínimo”, complementou.
Segurança deve anteceder a satisfação
O comerciante Cássio Cardoso, de 56 anos, fez o procedimento em novembro, em BH. Ele relatou não ter sentido dor e saiu satisfeito do consultório. “É uma agulha fininha e além disso é muito rápido”, garantiu. Cássio revelou ter ganhado 5 centímetros de espessura e dois de comprimento. O investimento foi de R$ 6 mil, pago à vista, após queixas de mulheres com quem se relacionava sobre o tamanho do membro genital.
“Eu sempre tinha várias reclamações, mas agora isso acabou. Se pudesse eu tinha colocado até mais mililitros, mas não podia”, disse. Na avaliação do coordenador do departamento de Andrologia, Reprodução e Sexualidade da Sociedade Brasileira de Urologia, Fernando Facio, a harmonização é válida para quem não está satisfeito com o tamanho do pênis.
Ele ressaltou que o procedimento é aprovado, mas que não há nenhum estudo que comprove a eficácia definitiva. “No entanto, feito por médicos especializados, especialmente por urologistas que têm domínio sobre a região e sobre a ética médica, ele tem valor”, alertou. Facio questionou profissionais que garantem o ganho de crescimento do pênis com a aplicação do ácido hialurônico. “Ele melhora o volume, a espessura, mas não faz crescer o pênis. E isso, às vezes, já é o suficiente para tirar a síndrome do pênis pequeno”, sinalizou.
Apesar do risco baixo, o urologista relatou que, caso feito indevidamente, a harmonização pode desencadear em uma infecção que pode levar à necrose do pênis. “Por isso tem que ser feita por um profissional que saiba fazer todos os processos de assepsia correta, uma avaliação correta do pênis para verificar se já há um processo infeccioso ou inflamatório que poderiam piorar o resultado. Outra situação comum é ver pacientes que ficam nódulos ou irregularidades. Isso tudo é modelado por quem tem conhecimento, para fazer aplicações em determinadas áreas para redistribuir o ácido hialurônico, evitando, com isso, assimetria e aspectos jocosos do pênis”, detalhou.
A duração do procedimento é garantida entre 18 a 24 meses, quando o paciente pode fazer uma reaplicação do produto. O conselho do médico é de que, aliado à intervenção, o paciente faça uma avaliação psicológica. “É necessário para alinhar expectativas e evitar que haja uma frustração”, finalizou.